AUTOPSE, menção honrosa no X Prêmio Literário Livraria Asabeça 2011, é a primeira obra deste poeta, reunindo poesias das várias épocas de sua vida como escritor. Poesias que não se prendem às regras pré-estabelecidas e que dão forma a este condensado universo, trazendo à tona o que o cerca, o move, sua própria existência prestes a ser examinada, qual a um cadáver. Mas o termo “autopse” também significa auto-análise, trabalhando com a ideia de que o leitor inspeciona a si próprio a partir da leitura da obra. Obra, esta, compreendida como uma antologia póstuma, pois, aqui, Sel demonstra que não é necessário o óbito, de fato, para deixarmos de viver; e a cada dia podemos morrer um pouco mais.
O livro está à venda por
R$ 30,00
Algumas poesias:
***
Tu, pálida criatura
Deusa minha, anjo de catedrais góticas
Sibilas lágrimas de teu silêncio sem fim
Claustro e abrigo
Agonizas tua loucura em rubro
Dália que fulgura ante o sol
É para ti a noite, única companheira
___
***
Essa rosa
que simboliza o que sinto por ti
algum dia vai se perder
como mais uma em meio a tantas outras
que ainda resistem
Talvez você veja que
como ela
tudo sempre passa
e então
como ela
este sentimento também vai se esvair
E assim, tenha medo
A forma
realmente é instável
e o tempo sempre vai tomá-la de volta
Mas há algo a mais que se pode ver:
a essência
Essa essência que dá beleza às coisas simples
e que indene nos acomete
tênue, tímida
Ela, menina
que é, sim, a própria vida
jamais morrerá
____
***
Tu surgiste pura, como silêncio em trevas, trazendo um odor quente em pele fresca
Fixando-me num olhar lânguido, com teus olhos verdes e pedintes
Acomodaste-te em mim, como água, me cercando com teu ar de Afrodite, desvirtuando o meu espírito num frenesi
Como que desamparada, tu te curvaste de costas a mim, empinando desengonçada tuas nádegas, tenras, cheias de acanho
Minhas mãos mortificaram todo teu dorso pálido, liso e tu rebolavas ainda timidamente
Todavia, balbuciavas palavras avulsas, espasmódicas, implorando que eu fosse mais além
E eu fui...
Fui até o inferno de teu corpo e compartilhei contigo a tua dor
Fui... como um desesperado que tem sede, bebendo a última gota de orvalho
que simboliza o que sinto por ti
algum dia vai se perder
como mais uma em meio a tantas outras
que ainda resistem
Talvez você veja que
como ela
tudo sempre passa
e então
como ela
este sentimento também vai se esvair
E assim, tenha medo
A forma
realmente é instável
e o tempo sempre vai tomá-la de volta
Mas há algo a mais que se pode ver:
a essência
Essa essência que dá beleza às coisas simples
e que indene nos acomete
tênue, tímida
Ela, menina
que é, sim, a própria vida
jamais morrerá
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Tu surgiste pura, como silêncio em trevas, trazendo um odor quente em pele fresca
Fixando-me num olhar lânguido, com teus olhos verdes e pedintes
Acomodaste-te em mim, como água, me cercando com teu ar de Afrodite, desvirtuando o meu espírito num frenesi
Como que desamparada, tu te curvaste de costas a mim, empinando desengonçada tuas nádegas, tenras, cheias de acanho
Minhas mãos mortificaram todo teu dorso pálido, liso e tu rebolavas ainda timidamente
Todavia, balbuciavas palavras avulsas, espasmódicas, implorando que eu fosse mais além
E eu fui...
Fui até o inferno de teu corpo e compartilhei contigo a tua dor
Fui... como um desesperado que tem sede, bebendo a última gota de orvalho
"A forma
ResponderExcluirrealmente é instável
e o tempo sempre vai tomá-la de volta"
Há uma dor tão pontual e afunilada nesses versos. Lindo. Meus aplausos! Sandro Pinto.
Vlw Sandro!
ExcluirQue bom ver que tem gostado dos meus poemas
Seja sempre bem vindo
Abraços