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Mostrando postagens de 2012

As Gardênias

imagem: (Mika Moret) Duas menininhas mudas se banham num infindo oceano pequenas sereias feitas de luz e sal, estendidas pelo universo Trêmulas gardênias reverberando silvos de caminhos longínquos Duas menininhas mudas se banham num infindo oceano quando, em todas as madrugadas, às escondidas, saem correndo pela grama fértil Transformam-se ora em garças, ora em flamingos e outras vezes, albatrozes e levantam voo esquecidas de que, predestinadas, irão inevitavelmente se fundir ao sol Duas menininhas mudas se banham num infindo oceano...

À Arte

imagem: Nu au Plateau de Sculpteur (Pablo Picasso) Abaixo de todo este morim Tu, liquidez – feita escarlate Pasta, sal e ureia És Mártir e febril Musa Minh'ácida Arte E eu Devoro-Te!

[O cabelo, a princípio, não revelara nada]

imagem: Mulher deprê - 1990 (Ricardo Cruzeiro) O cabelo, a princípio, não revelara nada Fino e negro rio, escondia o marfim e o fruto Eram apenas linhas que rutilavam na fraca luz Silhuetas das dunas do Maranhão, eternas fugidias Névoas e sódio, o grande mistério de Anticítera Eram membros, tênues movimentos, o tronco A delgada geografia de sua terra revestida de neve Era somente um sussurro branco sob véu de chumbo O revérbero de um astro distante, lânguida paisagem Eram mãos pequenas, duas conchas à espera do mar infinito

[Eu te ofereci as coisas que em mim não cabiam: o carinho, o amor]

imagem: (Mika Moret) Eu te ofereci as coisas que em mim não cabiam: o carinho, o amor As raízes já gastas de árvores marcadas, o medo. O vasto medo e a aflição O som de aves desconhecidas que vez ou outra sobrevoam o andar num dia à tarde Aquele tempo chuvoso e frio, quando apenas esperamos que nada passe tão depressa Quis te dar o que sonham os loucos, e todo aquele vigor que se eterniza em uma só noite Quis te dar o sangue de meu corpo (árido devir) que em tudo transbordava sem culpa No entanto, em ti, da mesma forma, nada pôde suportar

Meu livro de poesias

AUTOPSE, menção honrosa no X Prêmio Literário Livraria Asabeça 2011, é a primeira obra deste poeta, reunindo poesias das várias épocas de sua vida como escritor. Poesias que não se prendem às regras pré-estabelecidas e que dão forma a este condensado universo, trazendo à tona o que o cerca, o move, sua própria existência prestes a ser examinada, qual a um cadáver. Mas o termo “autopse” também significa auto-análise, trabalhando com a ideia de que o leitor inspeciona a si próprio a partir da leitura da obra. Obra, esta, compreendida como uma antologia póstuma, pois, aqui, Sel demonstra que não é necessário o óbito, de fato, para deixarmos de viver; e a cada dia podemos morrer um pouco mais. O livro está à venda por R$ 30,00 Algumas poesias: *** Tu, pálida criatura Deusa minha, anjo de catedrais góticas Sibilas lágrimas de teu silêncio sem fim Claustro e abrigo Agonizas tua loucura em rubro Dália que fulgura ante o sol É para ti a noite, única companheira